Um dos pioneiros no uso de remineralizadores de solo em Goiás foi Giberto Yuki, que produz cereais na região de Cristalina, a cerca de 100 km de Brasília. Em uma área aproximada de 1.200 hectares, Yuki planta soja, feijão, milho e trigo, com adubação à base de pó de rocha.
Natural do interior do Paraná e de origem japonesa, Yuki chegou em Cristalina em 1988 atraído pela segunda etapa do Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer), criado na década de 70 para impulsionar a agricultura na região central do país.
O programa foi desenvolvido pelo governo federal em parceria com a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA) e previa a oferta de assentamentos e maquinários a colonos selecionados por cooperativas credenciadas para estimular a produção agrícola sem desmatamento de grandes áreas e com baixo impacto ambiental.
Seguindo as premissas do programa, Yuki ainda produz em duas áreas de assentamento e em outras que adquiriu ao longo dos anos. Em 2015, o produtor começou a testar os insumos minerais e, desde 2016, utiliza pó de rocha e fosfato natural em toda a extensão plantada.
O produtor também faz rotação de culturas e, para proteger o solo entre as safras, formou áreas de plantio de braquiária com um mix de plantas de cobertura do solo, como milheto, nabo, trigo mourisco e capim sudão, tudo plantado com pó de rocha. Ele explica que a cobertura fornece biodiversidade, traz um quantidade grande de palha e forma raízes de mais de dois metros e meio que atraem substâncias orgânicas e boas espécies de microorganismos.
Os resultados foram percebidos já nos primeiros três anos. Segundo Yuki, só com a redução do uso de fertilizantes convencionais, os custos de produção caíram de 25% a 30%. “Tem estabilizado a produtividade média boa, na faixa entre 61, 65 sacos, com um custo menor. Atingimos uma produtividade média com uma lucratividade maior, com menor custo”, disse.
Yuki também percebeu que as plantas estão mais resistentes às pragas e doenças e, com isso, conseguiu reduzir pela metade o uso de defensivos químicos. Ele conta que, no caso do milho por exemplo, no qual eram feitas de três a quatro aplicações de fungicida por ano, na safra do ano passado foi necessária apenas uma aplicação e meia. E em um dos talhões que serão colhidos este ano o controle foi feito apenas com organismos biológicos.
“O pó de rocha proporciona uniformidade da área e melhor resistência a algumas doenças e pragas. Não quer dizer que não precisa usar inseticida, mas dá uma certa redução no ataque”, diz Yuki.
Para fazer o controle biológico das pragas e doenças, o produtor utiliza biodefensivos comerciais e instalou há três anos uma biofábrica onde produz bactérias e outros microorganismos. Recentemente, Yuki também começou a utilizar medicamentos homeopáticos. “A homeopatia é mais para melhorar a força vital da planta e corrigir algum desequilíbrio”, afirma.
Aumento da qualidade e produtividade
Os remineralizadores têm sido usados especialmente nos cultivos de grãos, mas há experiências positivas com resultados de melhoria na qualidade da produção e aumento da resistência a pragas em plantios de cana-de-açúcar, eucalipto, seringueira e frutas.
Na propriedade vizinha a de Yuki, o pó de rocha também tem sido utilizado no plantio de alho, cebola e cenoura. Os sócios Guilherme Shiniti Koyama e Henrique Massakatsu Sakamoto, da G9 Agronegócios, decidiram usar pó de rocha depois do incentivo de outros produtores e perceberam mudança na qualidade dos produtos e até na produtividade.
“De um modo geral, as vantagens são qualidade e sanidade. Vi qualidade na pele do alho e no enraizamento. Tendo raiz com sanidade a produção também aumenta. E a cenoura aumentou peso, em média um quilo a mais por caixa”, relata Guilherme Koyama.
Fonte: Canal Rural